Outro ponto a travar o crescimento da agricultura
é a necessidade de preservação ambiental. Calma.
Não fiquem indignados. O debate estimula
mudanças em setores da atividade que no passado
não se preocuparam nem foram coibidos de
plantar à custa da destruição de recursos naturais.
E há ainda a resistente pobreza no campo. Dados
do Censo Agropecuário do IBGE mostram
que, entre 1970 e 2006, o número de estabelecimentos
agropecuários aumentou de 4,9 milhões
para 5,2 milhões (6%) e sua área total passou de
294 milhões para 354 milhões de hectares
(20%). Muita gente por aí deve ter comprado
seu “sitiozinho”, sem, no entanto, aderir a morar
nos verdes campos.
Enquanto, em 1940, quase 70% da população vivia
na área rural, em 2007 habitavam o campo apenas
16,5% de brasileiros residentes. Da mesma forma,
o Censo revelou que, entre 1970 e 2006, caiu
de 19% para 9% o número de trabalhadores rurais.
Embora prevalente em todo o período, esse
movimento em direção aos centros urbanos
acentuou-se a partir de 1985. Naquele ano, 24
milhões de brasileiros trabalhavam no campo.
Em 2006, apenas 16,5 milhões. Isso num período
em que a população total cresceu em mais de
50 milhões de habitantes.
Motivos para o êxodo, desde os benéficos avanços
da mecanização e da formação de novos centros
urbanos fora das capitais dos estados até a
maléfica falta de apoio à pequena agricultura.
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EXÔDO. Entre 1985 e 2006,
o número de trabalhadores
no campo foi reduzido em
7,5 milhões de indivíduos.
Também, ficar lá por quê? Ainda pelo Censo,
82% dos produtores rurais brasileiros são analfabetos
ou não concluíram o Ensino Fundamental.
São 4,6 milhões de incapazes de ler e escrever,
portanto, de entender o processo de titulação de
suas terras, receberem informação técnica para
os manejos, usar equipamentos de proteção, dialogar
com as fontes de financiamento, enfim, serem
cidadãos de uma democracia.
– RUI DAHER – |
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