Segundo o Departamento de Agricultura (USDA), em 1980, os norte-americanos plantavam grãos em 720 milhões de hectares. Nos últimos anos, a área foi reduzida a 620 milhões, queda prevista para continuar nos próximos anos, embora de forma lenta. Ainda assim, uma área dez vezes maior do que a aqui plantada.

Recente estudo da World Wildlife Fund (WWF) sobre a disponibilidade de terras agricultáveis no Brasil, desde que mantida a integridade dos vários biomas, concluiu que restam 70,8 milhões de hectares aptos ao plantio. Devido à postura mais rigorosa, um espaço menor do que os 150 milhões geralmente propalados. Do total, 54,7 milhões de hectares (77%) estão em áreas de Cerrado e 16,1 milhões (23%) em áreas de pastagem que necessitam investimentos e incentivos para serem recuperadas.

O trabalho da WWF vai além: consideradas as pastagens degradadas em regiões de agricultura não consolidada – Norte e Nordeste –, seria possível agregar 44 milhões de hectares ao total, que passaria a respeitáveis 115 milhões, o que triplicaria a área plantada atual.

Em 36 anos, enquanto a área de pastagem teve um aumento discreto, de 12%, a de matas e florestas cresceu 72%, de 58 milhões para 100 milhões de hectares, e a de lavouras de 34 milhões para 77 milhões de hectares (126%) – o que não quer dizer todas elas plantadas. Na Região Norte, tudo mais que triplicou. Plantou-se mais e as matas ganharam mais donos e, claro, danos.
Partindo-se daí e projetando um crescimento de área à base de 2,5% ao ano, teríamos 30 anos até esgotar o horizonte da WWF. Na segunda hipótese, que inclui a recuperação de áreas degradadas do Norte e Nordeste, a expansão iria aproximadamente até 2050.

Outro componente da produção deverá extrapolar esse horizonte: o crescimento da produtividade. Em várias culturas, sobretudo nas voltadas para alimentação, como milho, feijão, arroz, ainda existe um grande espaço para crescer incorporando tecnologia. Novamente mais investimentos, mas sem dúvida destinados a um futuro nobre.•
Os inimigos da produção.

Preços de fertilizantes em alta, infraestrutura ainda precária e pouca pesquisa tiram competitividade.

O consumo de agrotóxicos e fertilizantes no Brasil é um dos que mais crescem no mundo. O aumento é justificado pela pobreza da maior parte do nosso solo e pelo clima subtropical propício à disseminação de pragas e doenças. Responsáveis por, em média, 40% dos custos de produção das principais culturas agrícolas, os dois segmentos tomaram caminhos diferentes de acordo com as características de quem manda em suas produções.

Para os fertilizantes, desde a década de 1970, e de acordo com a disposição de investimento pelo Estado, vigora um revezamento entre ciclos de predomínio da produção nacional e da importação.
A indústria de agrotóxicos e defensivos, cujo desenvolvimento de princípios ativos vem dos centros de pesquisas das empresas no exterior, quando os volumes justificam, prefere estabelecer fábricas no país consumidor.

Em 2008, o Brasil liderou o consumo de defensivos e herbicidas agrícolas, com vendas de 7,1 bilhões de dólares, 7% a mais do que as verificadas nos EUA.

Setor mais complexo e que há vinte anos cresce numa taxa anual acima de 5%, os fertilizantes tiveram dois momentos de impacto e ruptura. O primeiro, na década de 1970, quando o Estado, no auge da política de substituição de importações,resolveu investir pesado na produção de matérias- primas fosfatadas, um minério ao mesmo tempo disponível sob o solo brasileiro e o mais carente para importantes culturas. O segundo movimento veio nos anos 1990, quando, sob influência das teorias liberalizantes de mercado, o Estado decidiu privatizar esses ativos.


CUSTO. O Brasil é o maior consumidor de fertilizantes do mundo.
Há ainda a resistente baixa renda no campo, que expulsa agricultores da área rural.

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