Não é diferente a história das entidades não oficiais
que representam o setor. Como se fosse necessário
reproduzir o ethos conservador do meio
rural, sempre estiveram na retranca dos avanços
sociais e, somente após um empurrão dado pelo
Estado, na década de 1970, passaram a dar importância
ao uso de
insumos e manejos modernos.
O estágio atual de nossa agropecuária é mais
bem percebido se analisados os últimos 50 anos
de sua história. Antes disso, tínhamos um país
atordoado pelos resultados dos ciclos monocultores,
pelos dois períodos do governo de Getúlio
Vargas – 1930 a 1945, com os oito anos finais sob as agruras do Estado Novo, e 1951 a 1954, em sua
fase democrática e desenvolvimentista. Origens
do conflito que se seguiria entre continuar o modelo
político hegemônico das elites conservadoras
ou dar vazão aos movimentos trabalhistas
que pipocavam pelo País. Em 1964, o golpe militar
decidiu a direção a seguir.
Daí em diante, duas ações aparentemente contraditórias
ditaram os rumos da agricultura. A
primeira, de caráter positivo, nas décadas de
1960 e 1970, foi o lançamento pelo governo de
vários programas de incentivo. Do “pacote” faziam
parte a institucionalização do Crédito Rural
(1965), o Plano Nacional de Fertilizantes e
Calcário Agrícola (1973), a fundação da Embrapa
(1973), o apoio à ampliação dos Escritórios de
Extensão Rural (Emater), a política de garantia
de preços mínimos de comercialização e, ainda
em 1975, como resposta à crise mundial do petróleo,
a criação do Proálcool. |
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Tudo ia bem até que, no plano interno, o recrudescimento
da inflação e, no plano externo, uma
crise cambial de âmbito mundial, interromperam
a sucessão de ações voltadas ao crescimento econômico.
O governo decide então implantar políticas
de forte cunho monetarista. Não se sabe se
para o bem ou para o mal, a agropecuária teria de
passar a viver com suas próprias pernas.
Mas o impulso havia sido dado e, respeitando
os ciclos intrínsecos à atividade, entre altos e baixos,
a agropecuária se desenvolveria aliando sua
desrespeitada vocação agrícola ao acelerado processo
de industrialização e à incorporação de novas
tecnologias.
Há uma infinidade de estatísticas que mostram
esse desempenho.Da safra 1990-1991 até a última
(2008-2009), a área plantada com grãos cresceu
25,8% (1,3% ao ano) e a produção, 133% (4,8% ao
ano), indicando que, no período, mais do que
abrir novas áreas de campo, os produtores intensificaram
o uso de insumos. Tanto que a produtividade
média dos grãos dobrou, passando de
1.500 kg/ha para quase 3.000 kg/ha. |
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